Em bate-papo no podcast Acompanhadas – patrocinado pelo Fatal Model, maior site de acompanhantes do Brasil – a ativista transgênero Indianarae Siqueira contou sua trajetória e destacou a importância da luta pela causa na vida de inúmeras pessoas trans em busca de acolhimento e oportunidade. Esse é um dos temas sobre o qual se fala no Dia Nacional da Visibilidade Trans, celebrado em 29 de janeiro.
Presidente do grupo Transrevolução, Indianarae se identifica como uma pessoa não-binária – termo usado para identidades de gênero que não são estritamente masculinas ou femininas. Ela começou a tomar hormônios – como estrogênio e anticoncepcionais – aos oito anos e encontrou no ativismo um modo de viver: “A gente lutava pelo direito de se prostituir, porque esse era o único trabalho que tínhamos. Posso dizer que a prostituição me salvou”.
No Brasil, cerca de 4 milhões de pessoas são transgêneros ou não-binárias. Segundo a Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil), o volume de registros de mudança de nome e gênero aumentou 70% entre 2021 e 2022, passando de 1.863 para 3.165.
Indianarae fundou e coordenou a CasaNem, casa de acolhimento para pessoas LGBTQIAP + em situação de vulnerabilidade social, e o PreparaNem, programa de preparação de pessoas trans para o ENEM. Ao longo da conversa, a convidada esclarece que suas casas de prostituição não se resumem a sexo, mas que, na verdade, há uma rede que se desenvolve através delas: “Conseguimos mostrar que profissionais do sexo se interessam por várias questões e que são capazes de participar da política e cultura do país”.
Questionada sobre o período que passou em cárcere na França, cerca de dois anos e meio, Indianarae conta que possuía apartamentos para abrigar pessoas trans e em situação de vulnerabilidade social. Durante o julgamento, o juiz alegou que, para se tornar uma cafetina, bastava aceitar o pagamento de uma profissional do sexo.
“Apesar de todas as perseguições, um dos melhores lugares que já passei até hoje foi a minha cela. Existem pessoas presas que se sentem livres e existem pessoas livres que estão aprisionadas. Para mim, aquele foi um momento de libertação”, afirma a ativista.
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