A dominatrix brasileira Dommenique Luxor, pioneira na arte da dominação no país e autora do primeiro livro sobre uma dominatrix no Brasil, explicou em entrevista ao podcast Acompanhadas a importância da palavra de segurança nas sessões de BDSM. Segundo a especialista, a palavra de segurança é uma forma de estabelecer limites e de garantir a segurança e o bem-estar tanto do dominador quanto do submisso.
Existem três fases: verde, amarelo e vermelho. “Numa sessão, quando se está numa prática que tu tá quase chegando num limite, tu fala amarelo. Aí o teu dominador já dá uma recuada, ou seja, a dinâmica já não está mais permitindo uma intensidade de sensações de poder e submissão. Mas isso é usado, amarelo. E quando fala vermelho, eu quero parar a sessão, não quero mais. E a outra, verde: pode continuar a sessão”, explica.
Dommenique destaca que é importante escolher uma palavra que não tenha relação com o contexto discursivo da sessão. Ela cita a palavra “samambaia” como exemplo de uma palavra de segurança eficaz. “Eu posso falar pela minha experiência de dominação, trabalhando com dominação por 20 anos. Tu tem que ter uma palavra de segurança, somente uma. E que seja uma palavra que não tenha nada a ver com o contexto discursivo da sessão. Não pode ser ‘para, por favor’. Tem que ser ‘samambaia’. Fala samambaia. Isso faz com que, literalmente, a pessoa, o dominador, a dominadora, saia de um transe dominador e o submisso também. E isso não impede que a sessão continue”, explica.
A dominatrix também defende que o dominador deve ter uma palavra de segurança, mesmo que alguns argumentem que essa responsabilidade cabe somente ao submisso. “Porque eu não posso falar uma palavra de segurança?”, questiona. Ela justifica dizendo: “Às vezes sou confrontada, mas aceito confrontos, aceito críticas e aceito debates quanto isso: o dominador, a dominadora, também tem que ter uma palavra de segurança. Porque eu já ouvi o seguinte: “Não, quem tem que ter palavra de segurança é quem é o bottom, é o submisso, porque ele não está aguentando, porque ele não suporta mais a prática, porque não sei o quê, mas se esquece que existe um contrato de uma sessão em que duas pessoas estão numa prática. Duas pessoas estão encarnando a persona. Eu posso estar sentindo dor no meu braço de bater em alguém. Eu posso estar me sentindo culpada e me sentindo triste por ver uma pessoa sofrendo, embora a pessoa esteja feliz, sofrendo”, comenta.
Ao ser perguntada se já precisou usar a palavra de segurança em alguma sessão, Dommenique responde: “Claro, com certeza”.
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